Poemas

Sande é aldeia da Beira Douro,

Está entre Lamego e Régua;

As suas gentes são de ouro,

Suas terras vistosas à légua.

Quem desce de Lamego,

Pela estrada nacional,

Depara-se, ao chegar a Sande,

Com uma paisagem sem igual.

Sande tem o seu encanto,

Vem-lhe da história e do presente;

Das pessoas e das suas terras,

Reconhecido por toda a gente.

A Igreja Matriz, ao centro,

Um pouco em frente, a Senhora da Guia;

Subindo até ao Cimo de Sande,

Lá está a Capela de Santa Luzia.

Debruçada sobre a povoação,

Está a Capela de Santa Luzia;

Abençoa as gentes desta terra

E é luz que a todos alumia.

O Largo do Pelourinho

Tem história e tem graça;

É a sala de estar de Sande,

Saúda quem fica e quem passa.

Este largo tem magia,

Feito de dias tristes e de glórias;

Acolhe das pessoas da terra,

Vidas cheias de memórias.

Regista dias a fio,

Conversas do quotidiano;

Escreve livros da vida,

De quem vive aqui todo o ano.

Do lugar da Torre à rua do Vale,

Estende-se a povoação;

Rodeada de vinhas e olivais,

Que enchem a mesa de pão.

Do Barreiro aos Novais,

Alarga-se o horizonte da região;

Vê-se a povoação de Cambres,

E, lá ao longe, o Marão.

Cimo de Vila ou Cimo de Sande,

Dão-lhe nobreza e fidalguia;

Sande foi vila, outrora,

Hoje, é aldeia e freguesia.

Tem o lugar da Quintã,

Nome que lhe vem das quintas;

Produzem o vinho afamado,

De uvas brancas e de tintas.

Pelo meio, tem a Rua Nova,

Com a Senhora da Guia ao pé;

A graça que lhe dá a Capela

Vem-lhe de Maria de Nazaré.

Seara, nome de rua,

Que o é neste tempo;

Soube, por testemunhos locais,

Que, outrora, fora de searas ao vento.

Tem o largo Jogo da Bola,

Mas que nome raro e singular!

Vem do tempo em que as crianças,

Para lá iam jogar.

Tem Muralhas e Pedreira,

Que falam da geologia granítica;

Sobre ela se ergue a povoação,

Que faz de Sande aldeia típica.

Parece um posto de vigia

O lugar da Torre, altaneiro.

Tem São Domingos em frente;

E, sobre a aldeia, é sobranceiro.

Rio, no fundo da aldeia,

A meias com campos de verdura;

São as hortas que produzem todo o ano,

E, no verão, dão, a quem passa, frescura.

Reguengo é lugar da história antiga.

São pedaços de terra cultivados

Por braços fortes e mão amiga,

Como numa simbiose de amados.

Sande tem um rio aos pés,

Que corre por desfiladeiros;

Varosa é o seu nome,

Com leito de água e amieiros.

Nasce na Serra de Santa Helena,

E recebe, em perfeita união,

A água, seiva da terra,

Que lhe chega do Balsemão.

Ora calmo ora em fúria,

Vai desaguar ao rio Douro;

Em Sande, tem paisagem única,

Como se fosse peça de ouro.

Outras ruas, outros nomes,

Lugares, quelhos, recantos;

Tão típicos e tão chamativos,

Que enchem Sande de encantos.

E não versejo mais sobre ruas,

Que falar muito também maça;

Todas elas têm o seu encanto,

Dão saúde e vida a quem passa.

Aldeia típica e engraçada,

De casas encadeadas,

Como filigrana de ouro.

Configuração única,

Que lhe mereceu o epíteto

De Presépio da Beira Douro.

José Francisco Carvalho da Silva (Pároco da Freguesia)  -  Sande, 2023

São Tiago, São Tiago,

És o nosso padroeiro;

És o nosso melhor amigo,

Nos dias do ano inteiro.

São Tiago era pescador,

De origem, galileu;

A sua mãe Salomé,

Seu pai foi Zebedeu.

Sua família vivia da pesca,

Com esforço e união;

Puxavam as redes do mar,

Ele, o pai e seu irmão João.

Chamado por Jesus,

Tornou-se seu discípulo;

Andou com Ele por todo lado

E não ganhou outro título.

Ah, não estou a dizer bem,

A esquecer outro tanto;

Por ser discípulo de Jesus,

Veio depois a ser santo.

Pregou e testemunhou

A alegria de viver;

Jesus e a sua palavra

Foram a escola do seu saber.

Como peregrino viajou,

Em tempos de outra era;

Os anjos trouxeram-no até nós,

Dentro de uma arca de pedra.

São Tiago tem uma capa,

Dizem que é de burel;

Cobre o rico e o pobre,

O Jaquim, a Maria e o Manel.

São Tiago tem uma cabaça

Que o não deixa andar sozinho;

Dá de beber a quem passa,

Cheia de água ou de vinho.

São Tiago tem um bordão

para amparar nas quedas;

Também serve, e muito bem,

Para uma vida com regras.

Julho é o seu mês,

Que com gosto honramos;

Nele, é a festa anual,

Que nós muito amamos.

Estando aqui ou estando fora,

Somos todos sandinos;

Gostamos do nosso santo,

Com ele nos divertimos.

Vem São Tiago connosco,

Ajudai-nos toda a vida;

Contigo somos mais fortes,

Contigo não temos fadiga.

Crianças, jovens e velhinhos,

Todos envolves no hino teu;

Olha por todos nós,

Aqui, e um dia, no céu.

São Tiago, São Tiago,

A Igreja Sande te deu;

São Tiago, lá do céu,

Abençoa o povo teu.

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