Época Romana
A região de Sande, situada na encosta da Serra de S. Domingos e atravessada pelo rio Varosa, apresenta características naturais tão férteis e de bom clima que se acredita ter sido povoada desde a época romana. A fertilidade das terras, a abundância de água e o clima ameno tornavam o local ideal para a agricultura e fixação de populações.
Origem do nome
O nome Sande provém do latim Villa Sandi, designando uma antiga propriedade rústica pertencente a um proprietário chamado Sandus. Estas villas eram típicas das zonas rurais romanizadas e organizavam-se em torno da exploração agrícola. O nome sobreviveu através dos séculos como identificação do lugar.
Séculos IX a XI — Reconquista Cristã e Repovoamento
Durante os séculos IX, X e XI, a região foi repovoada por gentes vindas do Norte e das Astúrias no contexto da Reconquista. Esta fase marcou a reorganização do território após os conflitos com os mouros e o fortalecimento da presença cristã na zona de Lamego e arredores.
Século XII — A família de Egas Moniz
A família de Egas Moniz, uma das mais influentes do início da nacionalidade, é referida como tendo posses e interesses importantes em Sande, tanto patrimoniais como económicos. Mais tarde, os mosteiros de Salzedas e Tarouca adquiriram várias propriedades na zona, através de doações, compras, permutas e outros negócios.
1258 — Inquirições de D. Afonso III
As inquirições régias de 1258 referem a existência de duas igrejas em Sande:
A Igreja de S. Gens de Sande
A Igreja de S. Veríssimo
Estas referências provam a existência de culto cristão enraizado na comunidade local desde tempos medievais.
1290 — Inquirições de D. Dinis
As inquirições realizadas em 1290 assinalam em Sande a existência de três "quintas" fidalgas, revelando já uma estrutura social organizada e um certo grau de importância económica.
1297/98 — Cedência Episcopal
O cabido da Sé de Lamego cedeu a quinta de Sande e os seus bens ao Bispo D. Vasco de Alvelos, uma das figuras de destaque da diocese na época.
Início do século XIV — Fim da dependência de Lamego
No início do século XIV, Sande ainda não possuía autonomia municipal. Essa autonomia chegou quando foi separada do termo de Lamego por decisão do rei D. João I, que a doou a fidalgos. Este passo foi essencial para o início da afirmação da localidade como unidade administrativa própria.
Século XVI — Criação da Vigararia de Sande
No século XVI, Sande já possuía uma vigararia instituída, talvez anexa à de Avões. A sua igreja paroquial poderá ter origens anteriores à fundação da nacionalidade, o que reforça a antiguidade do culto e da organização religiosa local.
17 de maio de 1514 — Concessão do Foral
Por carta régia de D. Manuel I, Sande recebeu foral, tornando-se oficialmente uma vila com jurisdição própria. Este momento marca o auge da importância administrativa e política da localidade.
Século XVII/XVIII — Período pós-foral e observações paroquiais
Apesar do foral, no século XVIII Sande já não tinha qualquer autonomia municipal, tendo regressado à dependência de Lamego.
Em 1758, no contexto das respostas ao Marquês de Pombal, o pároco da freguesia descreve Sande como:
“É bom clima de terra, e aprazível em seus frutos e regalos, com bastantes águas de fontes, com vinhos dos melhores e por isso decantados em todo o reino pela sua singularidade, e produz também a terra deliciosas frutas de toda a casta.”
Esta descrição reforça a imagem de uma terra próspera, rica em produtos agrícolas e especialmente conhecida pelos seus vinhos e frutas.